O Papa Francisco
anunciou que o ano de 2015 será dedicado à Vida Consagrada. O ‘ANO DA VIDA
CONSAGRADA’ de acordo com o pontífice pretende ser um ano para valorizar o
testemunho dos religiosos.
“Eles são homens e
mulheres que podem despertar o mundo, a vida consagrada é profecia. Deus
pede-nos para voar do ninho e sermos enviados para os confins do mundo. Esta é
a maneira mais eficaz de imitar o Senhor”.
Junte-se a nós em
oração!
O que o Papa espera
do Ano da Vida Consagrada?
Em uma carta
para o mundo religioso, Francisco indica metas e expectativas para este
"ano de graça" que começará no dia 30 de novembro e irá até o 2 de
fevereiro de 2016.
Roma, 28 de
Novembro de 2014
Escreve como Sucessor de Pedro Papa Bergoglio a
todos os religiosos e religiosas do mundo, por ocasião do Ano da Vida Consagrada
que começará no próximo dia 30 de novembro, e terminará no dia 2 de fevereiro
de 2016. Mas se dirige a eles também como “irmão”, “consagrado a Deus como
vós”, na carta do 21 de novembro publicada hoje.
Uma carta longa e articulada, na qual o Papa dá
algumas ideias e indicações para viver este Ano, por ocasião do 50º aniversário
da Constituição dogmática Lumen Gentium sobre a Igreja e do Decreto
PerfectaeCaritatis. Nesse Francisco também indica os objetivos que tal
iniciativa se propõe, os mesmos – escreve – já indicados por são João Paulo II
à Igreja do terceiro milênio na Exortação pós-sinodal Vita Consacrata.
Objetivos
Para viver plenamente este Ano, afirma Bergoglio, é
preciso olhar o passado com gratidão, viver o presente com paixão e abraçar com
esperança o futuro.
O passado não para "fazer arqueologia ou
cultivar a nostalgia inútil", mas porque lembrar do próprio começo “e uma
forma de manter viva a identidade” e fortalecer a unidade da família. E é um
modo também para descobrir “incoerências, fruto das debilidades humanas, às
vezes também a obrigação de alguns aspectos essenciais do carisma”,
conscientes, porém, que "tudo é instrutivo e junto se torna apelo à
conversão”.
Observar o presente é útil para compreender se o
Evangelho é verdadeiramente o vade-mécum para a vida e as escolhas de cada dia,
explica o Santo Padre. Porque "não é suficiente para lê-lo (ainda que a
leitura e o estudo são de extrema importância), não basta meditá-lo (e o
fazemos com alegria a cada dia). Jesus nos pede para vive-lo, para viver as
suas palavras”. Além do mais, continua o pontífice, “o Ano da vida consagrada
nos questiona sobre a fidelidade à missão que nos foi confiada", para
debater se os ministérios e obras realizadas até agora “respondem ao que o Espírito
pediu aos nossos Fundadores” e “são adequadas para conseguir as finalidades na
sociedade e na Igreja de hoje”. “Viver o presente com paixão – continua ainda
Francisco – significa se tornar especialista de comunhão’”. E “em uma sociedade
do conflito, da difícil convivência entre culturas diferentes, do esmagamento
dos mais fracos, das desigualdades”, é fundamental mostrar “um modelo concreto
de comunidade” que vive em “relações fraternas” segundo “a mística do
encontro”.
Falando do futuro, o Papa enumera as dificuldades
enfrentadas pela vida consagrada: a diminuição das vocações e o envelhecimento,
os problemas econômicos dada as crises financeiras mundiais, a
internacionalidade e a globalização, o relativismo, a marginalização, a
'irrelevância social... No entanto, diz, "nestas incertezas é realizada a
nossa esperança". Uma esperança que "não se baseia em números ou em
obras, mas naquele em quem depositamos nossa confiança e para quem "nada é
impossível". Portanto, recomenda o Pontífice, "não ceder à tentação dos
números e da eficiência, muito menos naquela de confiar nas próprias forças”. O
chamado vai especialmente aos jovens que são o “presente”, porque oferecem “uma
contribuição determinante com o frescor e a generosidade” das suas escolhas, e
ao mesmo tempo o futuro “porque em breve – destaca o Papa – sereis chamados a
tomar em vossas mãos a liderança da animação, da formação, do serviço e da
missão".
Expectativas
Na segunda parte da carta, o bispo de Roma começa
com uma pergunta: "O que eu espero, em particular, deste ano de graça da
Vida consagrada?". Em primeiro lugar, escreve, "que seja sempre
verdade que onde há religiosos haja alegria”. Isso significa que "somos
chamados a mostrar que Deus é capaz de encher nossos corações e nos fazer felizes,
sem necessidade de procurar em outro lugar a nossa felicidade". E que tal
alegria se alimenta com "a autêntica fraternidade vivida em nossas
comunidades” e com o “dom total no serviço da Igreja, das famílias, dos jovens,
dos anciãos, dos pobres”.
"Que entre nós não haja rostos tristes,
pessoas infelizes e insatisfeitas", recomenda Bergoglio. Claro - admite -
"também nós, como todos os outros homens e mulheres, sentimos
dificuldades, noites do espírito, decepções, doenças, perda das forças devido à
idade avançada". Precisamente nesta ocasiões, porém, é necessário
encontrar a "perfeita alegria", de modo que, "em uma sociedade
que ostenta o culto da eficiência, do salutismo do sucesso, possa-se
concretizar as palavras de São Paulo: “Quando sou fraco , então é que sou forte".
Não nos esqueçamos, porém, que “A Igreja não cresce
por proselitismo, mas por atração", lembra Francisco, citando a
Evangeliigaudium. Portanto, "a vida consagrada não cresce se organizamos
belas campanhas vocacionais, mas se os jovens e as jovens que nos encontram se
sentem atraídos por nós, se nos veem homens e mulheres felizes!”.
Com esta mesma alegria os consagrados são chamados
a “acordar o mundo” e a serem “profetas”. Nesta perspectiva, mosteiros,
comunidades, centros de espiritualidade, cidades, escolas, hospitais,
casas-família, tornaram-se mais e mais "o fermento para uma sociedade
inspirada no Evangelho”.
Mais uma vez, então, um apelo à “comunhão” que se
exercita principalmente dentro das respectivas comunidades do Instituto. Aqui –
destaca com vigor o Pontífice – atitudes como críticas, fofocas, invejas,
ciúmes, antagonismos "não têm o direito morar". Enquanto têm direito
à residência a acolhida e atenção recíprocas, a comunhão dos bens materiais e
espirituais, a correção fraterna e o respeito pelas pessoas mais fracas”.
Consolidada no próprio Instituto, esta comunhão em
seguida, se abre ao exterior, tendo em conta principalmente a relação entre
pessoas de diferentes culturas e daquela com os membros dos diferentes
institutos. “Não poderia ser este Ano a ocasião para sair com maior coragem dos
limites do próprio instituto para elaborar juntos, a nível local e global,
projetos comuns de formação, de evangelização, de intervenções sociais?",
sugere Francisco. Dessa forma se preservaria “da doença da
auto-referencialidade”.
O convite, então, é aquele tipicamente
'bergogliano': "Sair de si mesmos para ir às periferias existenciais”.
Porque “existe toda uma humanidade que espera”: pessoas “que perderam toda
esperança, famílias em dificuldade, crianças abandonadas, jovens aos quais se
impede todo futuro, enfermos e idosos abandonados, ricos saciados de bens e com
um vazio no coração, homens e mulheres em busca do sentido da vida, sedentos do
divino...”.
Ante tal desconforto generalizado não se pode
deixar “asfixiar pelas pequenas encrencas de casa” ou pelos problemas pessoais.
“Estes – assegura o Papa – se resolverão se saírem para ajudar os outros a
resolverem os seus problemas e a anunciar a Boa Nova. Encontrareis a vida dando
a vida, a esperança dando esperança, o amor amando”.
Tudo isso deve ser traduzido em ações concretas
"de acolhimento de refugiados, de proximidade com os pobres, de
criatividade, na catequese, no anúncio do Evangelho, na iniciação à vida de
oração". E mesmo no “emagrecimento das estruturas” e na “reutilização das
grandes casas em favor das obras mais adequadas às atuais exigências da
evangelização e da caridade”.
Os horizontes do Ano da Vida Consagrada
Indo além dos limites dos Institutos de Vida
Consagrada, o Papa, na terceira parte da carta, se dirige aos leigos que, com
os consagrados “compartilham ideais, espírito, missão”. A eles o incentivo de
vier este Ano “como uma graça que pode tornar-vos mais conscientes do dom
recebido”, que deve ser celebrado com toda a “família”. “Em algumas ocasiões –
escreve o Santo Padre – quando os consagrados de vários institutos se reunirem,
tentem participar também vocês, como expressão do único dom de Deus”, de modo
que “se enriqueçam e se apoiem reciprocamente”.
O Sucessor de Pedro, em seguida, fala a todo o povo
cristão para que “tome sempre mais consciência do dom que é a presença de
tantos consagrados e consagradas, herdeiros de grandes santos que fazem a
história do cristianismo”: “O que seria da Igreja sem São Bento e São Basílio,
sem Santo Agostinho e São Bernardo, sem São Francisco e Santo Domingos, sem
Santo Inácio de Loyola e Santa Teresa D’Avila, sem Santa AngelaMerici e São
Vicente de Paula? O elenco seria quase infinito, até São João Bosco, à beata
Teresa de Calcutá”.
Este ano deve ser, portanto, uma oportunidade para
expressar gratidão pelos "dons recebidos e ainda a receber" graças à
santidade dos Fundadores, e para reunir-nos em torno das pessoas consagradas,
“para alegrar-nos com elas, compartilhar as suas dificuldades, colaborar com
elas”. “Mostrem-lhes o afeto e o calor de todo o povo cristão”, recomenda o
Papa.
Destaca também a ligação entre família e vida
consagrada, ambas “vocações portadoras de riqueza e graça para todos”, espaços
de “humanização” e “evangelização”. Com humildade, se dirige aos membros de
fraternidades e comunidades pertencentes à Igrejas de tradições diversas
daquela católica, que incentiva calorosamente a participar das iniciativas
propostas pela Congregação para os Institutos de vida consagrada para que
“cresça o conhecimento mútuo, a estima, a colaboração recíproca, de modo que o
ecumenismo da vida consagrada seja de ajuda ao amplo caminho rumo à unidade
entre todas as Igrejas”.
Duas palavras, por fim, aos irmãos no episcopado:
"Que este ano seja uma oportunidade de acolher cordialmente e com alegria
a vida consagrada como um capital espiritual que contribua ao bem de todo o
corpo de Cristo e não só das famílias religiosas”, escreve o Santo Padre.
Conclui, portanto, exortando os pastores das
Igrejas particulares "a uma solicitude especial" na promoção dos
diversos carismas, tanto aqueles históricos quanto os novos, “apoiando,
animando, ajudando no discernimento, aproximando-os com ternura e amor às
situações de sofrimento e de debilidade nas quais possam encontrar-se alguns
consagrados”. Tudo para que “a beleza e a santidade” da vida consagrada possam
resplandecer em toda a Igreja.
Nenhum comentário:
Postar um comentário