Lectio Divina – Passo a passo
1º Invocar o Espírito Santo
2º Leitura atente do texto bíblico
3º Examinar cada frase relacionando-a
com textos paralelos
4º Interpretar à luz da tradição
5º Deixar a Palavra iluminar
LECTIO DIVINA
O que é?
Os antigos monges da Igreja encontraram um
método muito simples e eficaz de orar com a Bíblia, adaptado à vida de
silêncio e intimidade com Deus que levavam. A tradição chamou tal método de
“Lectio Divina”. Na verdade este método é a base de todos os outros que
apareceram na história da espiritualidade, e continua sendo atual e eficaz,
ainda que hoje há quem diga que o método tende a tornar mecânica a oração,
demasiadamente metódico. Mas a Lectio não está superada.
Por Lectio Divina se entende uma leitura atenta e
devota da Sagrada Escritura. O adjetivo “divina” é devido ao objeto da leitura:
a Palavra de Deus. É uma leitura da Palavra feita num contexto de oração, para
poder escutar aquilo que Deus quer nos dizer, para conhecer a sua vontade e
viver melhor o discipulado.
A Lectio Divina deve nos levar a escavar, entrando
sob a crosta do escrito, para descobrir aí o rosto de Deus. Não teorias,
portanto, mas enamoramento. Quem pratica a Lectio, ensina Gregório Magno, pode
chegar a atingir dois fins: a plenitude do livro ou a plenitude do Verbo. O
primeiro diz respeito à compreensão da palavra escrita, enquanto que o segundo
progride em direção à Palavra viva. “A oração não é um capricho do homem, mas é
a vontade de Deus que a ela nos atrai, porque todo bom presente e todo dom vem
do alto e desce do Pai da luz” (Tg. 1,17), sem o qual não podemos fazer nada,
por isto é necessário que antes de iniciar a Lectio Divina devemos invocar o
Espírito Santo, porque sem a sua ajuda, não é possível descobrir o sentido que
a Palavra de Deus tem para nós hoje.
Os passos da Lectio
Guido II, Prior da Grande Cartuxa
(1173-1180), descrevia o itinerário da Lectio Divina da seguinte maneira:
« Procurai, lendo, e encontrareis, meditando; chamai, orando e abrir-se-vos-á
pela contemplação». E, mediante bela metáfora, descreve as etapas da
«Lectio Divina»: « A leitura ( da Bíblia) leva à boca o alimento sólido;
a meditação corta-o e mastiga-o; a oração saboreia-o, a contemplação
é doçura que alegra e recria».
1. INVOCATIO
Antes de abrir a Bíblia, ora ao Espírito Santo:
recorda que a Palavra escrita no Espírito deve ser compreendida no Espírito.
2. LECTIO
Ler e reler com tranquilidade a página da Sagrada
Escritura escolhida, sublinhando as palavras ou os elementos mais importantes
(repetição de nomes, coisas, lugares) e perguntar-se: o que diz o texto em si
mesmo?
3. MEDITATIO
É a fase do diálogo com o texto sagrado,
perguntando-se: o que me diz o texto? É a fase em que se recolhe os textos
paralelos ao texto escolhido, o momento de descobrir os valores e as mensagens
espirituais da Palavra de Deus: é hora de saborear a Palavra de Deus e não
apenas estudá-la. o (ruminatio).
5. COLLATIO
É a partilha da meditação, colocando em comum as
verdades tocantes que o texto revelou a cada um, quando a lectio se faz em
grupo. É um modo de conferir com os outros as etapas do nosso percurso
espiritual.
6. ORATIO
Toda boa meditação desemboca naturalmente na
oração. É o momento de responder a Deus após havê-lo escutado. Esta oração é um
momento muito pessoal que diz respeito apenas à pessoa e Deus. É um diálogo
pessoal! Não se preocupe em preparar palavras, fale o que vai no coração depois
da meditação: se for louvor, louve; se for pedido de perdão, peça perdão; se
for necessidade de maior clareza, peça a luz divina; se for cansaço e aridez,
peça os dons da fé e esperança. Enfim, os momentos anteriores, se feitos com
atenção e vontade, determinarão esta oração da qual nasce o compromisso de
estar com Deus e fazer a sua vontade.
7. CONTEMPLATIO
Desta etapa a pessoa não é dona. É um momento que
pertence a Deus e sua presença misteriosa, sim, mas sempre presença. É um
momento no qual se permanece em silêncio diante de Deus. Se ele o conduzirá à
contemplação, louvado seja Deus! Trata-se do momento em que se começa a ver o
mundo e a vida com os olhos de Deus, assumindo a verdade dEle.
Aparentemente, oração e contemplação, seriam uma mesma coisa.
Situada na linha da oração, a contemplação indica todavia etapa
diferente. Está num grau mais elevado. Exprime a meta da via espiritual, em
que a criatura se une ao Criador.
8. OPERATIO
Depois do nosso discernimento sobre a realidade
pessoal, eclesial e social segundo o ponto de vista de Deus, nasce um empenho
concreto de vida para realizar-se na vida cotidiana: a ânsia e a alegria da
evangelização, da missão e da promoção humana no território da nossa Igreja
local, porque o contemplativo é um evangelizador que, depois da escuta da
Palavra, como Maria, “com tanta ânsia, coloca-se em viagem”. Para os
antigos a «lectio divina» culminava na contemplação do mistério de Deus,
A meta da vida cristã consistia em viver angelicamente na presença de Deus!. A
«lectio divina», processo cristão da leitura divina e escuta da Palavra, não
pode fechar-se na interioridade. Deve levar à conversão, através do
testemunho de vidas comprometidas ao serviço de Deus e dos outros (Lc.
10,28).
Fonte: http://www.carmelo.com.br
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