quinta-feira, 15 de junho de 2017

Jubileu de 100 Anos da Congregação


História da Congregação das Irmãs Beneditinas Missionárias



Tempo,  em que vivia São Bento (480-547), era  tempo de profunda crise, que atingiu a Europa já no início do século V. A antiga civilização caiu em ruinas (476), começava o período de guerras e confrontos causados pela  migração dos povos, e a Cidade Eterna (Roma) era dominada por novos invasores.  O caos exterior ostentava-se como pano de fundo  de uma crise ainda maior, a crise moral  que  corroía o Império Romano.

Benedito, um jovem estudante de Nursia, que naquele tempo chegou à Roma para fazer aqui os seus estudos, avaliou com muita crítica aquela situação e decidiu afastar-se para o deserto, para  buscar  uma sabedoria diferente, uma sabedoria de Deus. Em breve tornou-se fundador e legislador de uma nova ordem.

O fenômeno Benedito  (Bento)  consiste principalmente na sua sensibilidade diante daquela sua época:  ele  ‘sentiu e leu’ os sinais da sua época e ‘respondeu àqueles sinais do seu tempo’.

Não desprezando o que era velho (as conquistas antigas), ele se abriu para a nova stuação histórica, proclamando Cristo não só aos antigos habitantes do Império Romano, mas também aos invasores.

A Ordem de São Bento (beneditinos) assumiu missões dirigidas aos pagãoes, o trabalho intelectual  e também a esquecida arte de cultivo de solo. Essas regras, consolidadas e testadas em prática, São Bento  recolheu e organizou em forma de livro em volta do ano  530. Foi chamado Santa Regra.

Assim foi o início da história de São Bento  marcado pelo esforço e  sofrimento  que  - poderiamos dizer -  a nossa Congregação continua realizando hoje.

Também  nos destinos da nossa Congregação, como herdeira da obra de São Bento, não por acaso fica permanentemente  visível o sinal da cruz. Por quê?  Eis que, quase quinze séculos depois,  numa situação parecida viveu a nossa fundadora – Madre Jadwiga Józefa Kulesza.



Józefa Kulesza  nasceu em 1859 em Karabelówka, na região Podole (Ucrânia) numa família agrícola. Desde jovem ela sentia  vontade de  oferecer a sua vida a Deus.  No entanto, naquela época , obedecendo o decreto imperial do Czar (Tsar),  os conventos só podiam aceitar uma nova candidata apos a morte de uma das freiras.   A superiora do convento de Wilno (hoje a capital da Lituânia), para a qual a Józefa se dirigiu com o pedido de ingresso, concordou sob a condição, de que poderia ficar no convento  clandestinamente, enquanto não for  descoberta a sua permanencia pelas autoridades imperiais tsaristas.

O Convento em Wilno não  podia ter o niviciado, por isso a superiora mandou a candidata para Przemyśl (Galicia).  Em 1902, após regressar para o Wilno, a irmã Jadwiga em segredo fez a sua profissão de votos nas mãos da Madre Anna Gabriela Houvalt.  Alguns anos depois, provavelmente por causa da descoberta da sua permanência  neste convento, irmã Jadwiga foi obrigada a deixar Wilno.

A partir desse dia começou um longo período de peregrinação, em que dificilmente poderia-se  ver  a vontade divina.  No final, apos percorrer muitos caminhos, irmã Jadwiga chegou à Roma, onde  encontrou  uma Congregação Beneditina ativa.  Irmã Jadwiga foi acolhida pela fundadora  dessa Congregação (hoje bem aventurada) Madre Kolumba Gabriel .  No ano 1912 a irmã Jadwiga recebeu a missão de voltar para a sua terra natal,  Podole ,  e ali fundar uma filial da nova Congregação,  trabalhando lá mesmo para  conseguir os fundos necessários.

Aconteceu que logo após o seu retorno ao Podole,  a irmã Jadwiga encontrou uma  senhora chamada  Jadwiga Aleksandrowicz, que tinha fundado recentemente um orfanato,  e esta  confiou para ela os cuidados com a instituição.

Irmã Jadwiga assumiu o trabalho e serviço com muita dedicação e autenticidade de uma vida  religiosa. Logo começou a ser ajudada por  algumas voluntárias que – como se mostrou - tornaram-se  primeiras candidatas à vida religiosa.

Irmã Jadwiga durante todo esse tempo ajudava-as a aperfeiçoar o trabalho com as crianças, zelando ao mesmo tempo pelo desenvolvimento e progresso da vida interior.

A derrota da Rússia na I Grande Guerra Mundial mudou também a situação dos conventos e congregações.  A partir dai,  a irmã Jadwiga podia usar o hábito e solicitar a permissão para abrir o noviciado. Recebeu a permissão do Dom Ignacy Dubowski  e graças a isso já no dia 17 de junho de 1924 em Biała Cerkiew (nas redondezas de Kiev) foi realizada pela primeira vez a cerimônia de  entrega e vestimento de hábito religioso. Irmã Jadwiga tornou-se madre superiora, e o pe. Antoni Jagłowski  foi nomeado capelão da Congregação.

O bispo considerava a casa em Biała Cerkiew  como início de uma nova Congregação, e Madre Jadwiga considerava-a como filial da Congregação das Irmâs Beneditinas da Misericórdia. Esse fato  transformou-se  em causa de muitos sofrimentos da Madre e até da saída temporária da Congregação.

A grande dificuldade de contato com a Madre Kolumba (que estava em Roma) e, depois,  a sua morte em 1926 contribuiram para a solução desse dilema.  Em 1927 Madre Jadwiga voltou à  Congregação  fundada por ela  que,  inicialmente, teve como carisma o zelo  e cuidado pelas crianças órfãs, vítimas  da I Grande Guerra.

As irmãs trabalhavam também  como catequistas e desenvolviam diversas formas de  trabalho pastoral , sobretudo com as adolescentes e moças.

Em Łuck (hoje Ucrânia) e Kowno (hoje Lituânia) foram construidos dois grandes orfanatos, onde foi introduzido um moderno sistema pedagógico e educativo.

Após  II Guerra Mundial houve mudança de fronteiras e isso obrigou as Irmãs a se transferir, junto com as crianças órfãs  para o território da Polônia. Precisava construir tudo desde o início. A Congregação rapidamente organizou os orfanatos em Puławy, Kwidzyn, Ełk e Zagórów.  No entanto, nos anos sessenta as autoridades comunistas  ou fecharam  essas instituições, ou as transformaram em Casas para as crianças com as deficiencias mentais.  A Congregação  recebeu esse fato como um sinal do tempo, desenvolvendo gradualmente novas formas de trabalho com essas crianças.

Atualmente as Irmãs desenvolvem o seu trabalho apostólico na Polônia e no exterior (Brasil, Equador, Ucrânia), realizando vários típos de trabalho pastoral, de acordo com a Regra de São Bento:  “Que em tudo Deus seja louvado” (RB 57)

(Tradução de polonês)