domingo, 30 de junho de 2013

A Vida e a Obra da Fundadora da Congregação das Irmãs Beneditinas Missionárias, Madre Edviges Josefa Kulesza.



Encontramos muitas dificuldades para falar sobre a biografia da Fundadora da Congregação das Irmãs Beneditinas Missionárias - Josefa Edviges Kulesza. Torna-se muito difícil restituir cada passo, principalmente o tempo da infância e adolescência. Parece até normal, olhando para o agitado contexto histórico da época.
1. Infância, adolescência e juventude

A pátria da Josefa Kulesza foi Polônia. Hoje Ucrânia, um país vizinho da Polônia com 603 700 km2 com 50 milhões de habitantes: ucranianos, judeus, russos e poloneses (estes últimos 300 mil). As terras da Ucrânia durante a história passavam de mãos em mãos, pertenciam à Polônia, outras vezes para Lituânia ou Rússia. Quase durante 70 anos fazia parte da União Soviética. Somente em 1991 o país conseguiu sua independência.

Josefa Kulesza nasceu em 1859 em Karabelówka, filha da Michalina e José Kulesza perto de Kiev. Tinha dois irmãos e uma irmã. Era de família abastada, possuía algumas terras. Pouco sabemos sobre o seu estudo, naquela época as moças não freqüentavam as universidades. Josefa recebeu uma boa educação religiosa e geral, principalmente as línguas, na casa da família. Falava bem francês, inglês, italiano, russo e polonês. Sabia tocar muito bem piano. Tinha conhecimento da literatura, geografia e da história.1 Depois da morte do pai Josefa junto com a mãe e os irmãos foi morar em Kiev, onde provavelmente trabalhou como professora dando aulas nas casas.2

È provável que nos anos 1889-1890 Josefa esteve nos Estados Unidos visitando seu irmão Teófilo, que emigrou para lá junto com sua família. Durante esta visita provavelmente batizou a filha mais velha do irmão.

2. Vida religiosa

Em 1894 Josefa Kulesza ingressa para o convento das Beneditinas Reformadas em Vilno. Na época tinha 35 anos. Porque escolheu Vilno não sabemos. No mosteiro de Santa Catarina de Alexandria em Vilno, no qual entrou Josefa Kulesza, permaneciam as irmãs de vários conventos, por causa da perseguição do governo russo. O noviciado no Convento de Vilno foi fechado em 1865 e foi proibida aceitação das novas candidatas. Josefa foi aceita para o noviciado clandestino pela Abadessa do mosteiro Ana Gabriela Houvalt e conforme a antiga tradição beneditina recebeu o novo nome Edviges. Na comunidade quase todas as monjas estavam com idade avançada, então a nova candidata tinha bastante trabalho. O mosteiro possuía uma boa biblioteca, e as irmãs podiam aprofundar seus conhecimentos, pois a leitura é muito importante na tradição beneditina.

Depois de ter passado alguns anos neste mosteiro Josefa Edviges fez os votos clandestinos nas mãos da Abadessa Ana Gabriela Houvalt no dia 07.03.1902. Estes foram os votos perpétuos, conforme o documento da profissão escrito por mão própria que se encontra no arquivo da Congregação. Normalmente este documento devia ser guardado no arquivo do mosteiro onde foi feita profissão, mas por causa da perseguição e constantes revistas o referido documento permaneceu com Josefa Edviges. Depois dos votos Josefa Edviges foi enviada para Przemysl para o Mosteiro da Santíssima Trindade onde permaneceu por um ano continuando a formação religiosa e trabalhou com bordado. Assim escreve sua irmã para uma parenta: Tia Josefa esta no convento das beneditinas em Przemysl, mas para ela não se pode escrever, se passarem por lá, podem visitá-la. (Carta do dia 21.03.1903)

Devido a constantes perseguições da polícia novamente foi transferida, desta vez para o Mosteiro de Todos os Santos de Lvov, de la para Vilno e em 1906 para o Mosteiro das Bernardinas de Grodno. Em 1907 provavelmente estava fazendo um novo noviciado na Itália ou na Bélgica. Não há dados suficientes sobre este assunto, somente uma dedicatória em um santinho.

Nos anos 1907-1910 podemos situar o encontro da Josefa Edviges Kulesza com fundadora da Congregação das Beneditinas da Misericórdia (Suore Benedettine di Carità) em Roma Madre Columba Gabriel, antiga abadessa do convento em Lvov. As circunstâncias deste encontro são desconhecidas, mas a partir deste encontro Madre Columba Gabriel tem influência na vida da Josefa Edviges. Não se encontra nenhum documento que possa comprovar o ingresso da Josefa Edviges para referida Congregação.

Madre Columba Gabriel sendo polonesa e tendo algumas irmãs polonesas certamente queria abrir uma casa nas terras da Polônia. Esta idéia estava dentro da mentalidade daquela época de emancipação das mulheres, de sair dos lares, assumir trabalho profissional, de abrir os horizontes. A fundação de uma casa nas terras da Polônia oriental (Ucrânia) tornava-se difícil por causa da perseguição do governo do czar, que proibia a abertura das mesmas. A partir de 1910 tem comprovado a permanência da  Josefa Edviges na Congregação de Roma de onde várias vezes foi enviada para arrecadar os donativos para Congregação e estudar a possibilidade da fundação da casa na Ucrânia. Nestas viagens ela conheceu uma senhora de bens Dona Edviges Aleksandrowicz, que acolheu a proposta e prometeu uma ajuda financeira na organização do orfanato das crianças e da casa das irmãs. Dona Edviges teve um papel importante para nova fundação.

Em abril de 1911 Dona Edviges esteve em Roma onde pessoalmente pediu a Madre Columba Gabriel a vinda das irmãs para sua terra e recebeu a promessa. Dona Edviges esteve também com ir. Josefa Edviges em Santo Anselmo visitando o abade primaz dos beneditinos Ildebrano de Hemptinne. Este deu a sua bênção e as palavras de encorajamento para a difícil missão na Ucrânia. Em 1912 ir.Josefa Edviges juntamente com a noviça Helena Cybulska que foi enviada pela Madre Columba, chegou para Biala Cerkiew3 onde começaram um trabalho no orfanato clandestino. Com medo das perseguições não usavam o hábito.  

Em 1913 ir. Josefa Edviges ao visitar Vilno para arrecadar os donativos conheceu uma senhora Josefa Izmajlowicz, que posteriormente ingressaria na Congregação. Neste tempo adoece a noviça Helena Cybulska, que após uma breve permanência no hospital morre em conequência do excesso de trabalho e constantes perseguições da polícia4.              

3.   Fundação da Congregação

O orfanato fundado por Dona Edviges Aleksandrowicz, nos anos de 1913-1915 sofreu muitas perseguições por parte da polícia e teve que mudar várias vezes de local: Fastów, Derebczynka, Boguslaw. Finalmente Dona Edwiges conseguiu a licença do governo e o orfanato começou a funcionar com mais tranquilidade em Biala Cerkiew. Ali ela comprou uma casa bastante grande com 10 quartos e um quintal. Para esta casa se transferiram com as crianças no início do ano 1916.

Também começaram a chegar as candidatas para a vida religiosa, as primeiras eram de Vilno. Assim aos poucos a idéia de formar uma comunidade se concretizava. Segundo a Madre Columba as candidatas deviam ser enviadas para Roma ou precisava organizar uma filial da Congregação das Beneditinas da Misericórdia no local. Os contatos com Roma foram muito difíceis por causa da Primeira Guerra Mundial, também estava próxima a Revolução Russa. Restou então a fundação da comunidade religiosa no local.

Aos 17 de maio 1917, festa da Ascensão do Senhor, ir.Josefa Edviges e Dona Edviges se dirigiram para Zytomierz a fim de falar com o bispo Dom Inácio Dubowski. Foram bem recebidas pelo bispo que lhes deu a bênção e permissão para fundação da casa religiosa. Ficou marcada a data para a primeira visita do bispo no local. Foi escolhida a data 24.06.1917, domingo - festa de São João Batista, padroeiro da paróquia. Combinaram também que Pe. Inácio Miszkiewicz S.J. ajudaria na elaboração das pequenas normas para futura comunidade, pregaria o retiro, no dia celebraria a Eucaristia durante a qual se faria a vestição das candidatas e benzeria a capela. O bispo Dom Inácio iria fazer visita pela tarde. Após a conversa com o bispo começaram os preparativos para a festa. Foi arrumada a casa, principalmente a capela para qual Dona Edviges ofereceu o quadro do Sagrado Coração de Jesus.

As candidatas prepararam os hábitos seguindo o modelo que a Madre Edviges trouxe de Roma (descosturado por causa das perseguições). Ao receberem iniciaram o noviciado 7 postulantes.5 Toda cerimônia aconteceu como foi planejado. O bispo na ocasião de sua visita nomeou Pe. Antônio Jaglowski como capelão da comunidade. O nome da nova comunidade foi aprovado como: Congregação das Beneditinas Ativas6. Dia 24 de junho de 1917 é considerado como o dia da fundação da Congregação. A ir. Josefa Edviges foi nomeada a superiora da comunidade e responsável pela formação.

Nos anos 1917-1920 Madre Edviges recebeu 15 noviças, dessas 8 fizeram profissão. Como falamos acima Madre Edviges assumiu a formação segundo o espírito da Regra de São Bento. Formava as novas irmãs pelo exemplo de sua vida conforme a Regra de São Bento (RB). Ela mesma com muito fervor vivia segundo a Regra, sempre foi muito fiel às orações e prática da ascese, apesar da sua saúde bastante frágil. Vivia segundo o ensinamento de São Bento “nada antepor ao amor de Cristo” e como ela mesma escrevia dizendo que a a paz é uma característica marcante da Ordem: “O espírito comum da Ordem Beneditina é PAX – PAZ. Isso é uma pedra angular na qual baseia-se a vida religiosa nos mosteiros beneditinos”. 
Desde início tinha uma devoção muito especial ao Sagrado Coração de Jesus o que ela mesma dizia: “Na nossa Congregação a paz como o nosso próprio espírito deve aparecer nas duas virtudes do Sagrado Coração de Jesus: a mansidão e humildade”. Ainda hoje esta devoção é cultivada na Congregação: “As irmãs segundo o exemplo da Madre Fundadora, veneram e amam de modo especial o Sagrado Coração de Jesus, sede e símbolo do amor divino por nós. Conforme a palavra de Cristo: “Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas” (Mt.11,29), as irmãs imitam o Sagrado Coração, especialmente a sua humildade e mansidão.”7. Madre muito confiava na Providência Divina e como devoção particular tinha Santa Terezinha do Menino Jesus. Este grande amor ao Sagrado Coração de Jesus que carregava no seu coração soube transmitir para as irmãs, e não só, mas aos outros, mesmo com a proibição do governo.8

Madre Edviges tinha um programa da formação, certamente baseado no que aprendeu durante sua experiência nos mosteiros. Propagava amor, humildade, espírito de oração, mortificação, autodomínio, mas principalmente a obediência na Vida Religiosa. Era muito exigente de si mesma e dos outros, como diz Bento na Santa Regra: “Em sua doutrina deve sempre o Abade observar aquela fórmula do Apóstolo: repreende, exorta, admoesta, isto é, temperando as ocasiões umas com as outras, os carinhos com os rigores, mostre a severidade de um mestre e o pio afeto de um pai”.9 

4.   Coordenação da nova fundação (1917-1920)
      
A partir do momento da vestição das novas candidatas iniciou-se a história da Congregação. Primeira etapa desta nova fundação nos anos 1917-1920 situamos em Biala Cerkiew. Durante este tempo a comunidade cresceu em número. Quatro vezes aconteceu a cerimônia da vestição (24.06 e 08.12.1917, 07.01.1918, 25.03.1919). Neste tempo se apresentaram 17 candidatas, dessas 15 foram aceitas e 08 fizeram a profissão religiosa. Em todas as cerimônias participava e presidia pe. Antônio Jaglowski.

A comunidade viveu seguindo as normas elaboradas pelo pe. Inácio Miszkiewicz, a Regra de São Bento e costumes trazidos e ensinados pela fundadora. Não tinha estabelecido a duração do noviciado e o tipo da consagração que as irmãs fariam. A carta dos votos foi feita segundo o exemplo da carta dos votos feita no mosteiro pela Madre Edviges. Durante primeiros 20 anos a Congregação fazia experiência, as irmãs não podiam fazer os votos perpétuos.

A vida na nova comunidade foi organizada pela Madre Edviges - fundadora, Dona Edviges Aleksandrowicz - principalmente com a ajuda financeira e como capelão Pe. Antônio Jaglowski. A Fundadora achava que na nova comunidade devia ter bastante rigor, ordem e fidelidade às tradições da Vida Religiosa. Ela mesma organizou e planejou os horários das atividades diárias, que conservado até hoje, principalmente nas casas de formação.

Inicialmente a Fundadora conservou a antiga tradição da divisão das irmãs em dois coros. Este costume não foi bem aceito posteriormente pelos demais membros da Congregação; permaneceu na prática até 1924 e nas Constituições até 1929. A própria Madre determinava o coro de cada candidata. As diferenças entre as irmãs de dois coros eram grandes. As do primeiro coro rezavam o breviário abreviado (Officium Parvum Beate Mariae Virginis) e as do segundo rezavam diariamente o Rosário. Os dormitórios eram separados e tinham diferença no hábito.

Madre Edviges era muito aplicada nas práticas religiosas e exigente com as irmãs. Cultivava o lema beneditino “ORA ET LABORA” e unia oração com trabalho, que era recitação do Rosário ou canto do Ofício de Nossa Senhora durante os trabalhos manuais na cozinha ou na lavanderia.

A recém fundada Congregação enfrentava grandes dificuldades financeiras, principalmente durante a guerra em 1920 entre poloneses e russos.10 Este tempo foi muito difícil para as irmãs, parecia que tudo ia terminar. Neste momento a Fundadora manifestou muita força e responsabilidade pela comunidade procurando novos lugares para a instalação das irmãs nas terras da atual Polônia. Viajaram pelo Kovel, depois Varsóvia, Ostroviec, Dzików e Plock. Finalmente em 11 de novembro 1920, depois de muitas dificuldades, decidiram retornar para Kovel, onde com uma ajuda de um padre amigo assumiram um trabalho na cozinha onde diariamente se preparava almoço para 300 crianças pobres.

Em pouco tempo em Kovel surgiram outros problemas dentro da própria comunidade. As irmãs começaram a discordar com as idéias da Fundadora, pois ela queria conservar o estilo de vida mais de clausura ( o que bem conhecia) e as irmãs queriam desenvolver as atividades apostólicas e missionárias. As irmãs queriam procurar os meios para sua manutenção e das crianças do orfanato o que requeria o contato com as pessoas. A Fundadora pensava ainda que a comunidade fosse a filial da Congregação de Roma e queria manter o estilo de vida dela.

Aos 11 de maio de 1921 o bispo Dubowski fez uma visita às irmãs em Kovel onde tinha o orfanato. Na ocasião desta visita o bispo conheceu a insatisfação das irmãs. Recomendou que a Fundadora rompesse os contatos com a Congregação de Roma e formasse uma Congregação diocesana. Madre Edviges não podia aceitar esta proposta querendo ser fiel à Congregação de Roma e à Madre Kolumba.11  O bispo Dubowski ordenou então a eleição da nova Superiora Geral, provocando assim um clima de desconfiança, que levou a Madre Fundadora deixar a Congregação e Kovel. Esta foi a luta pelo novo estilo de vida da nova Congregação. Venceu a idéia da vida apostólica como resposta frente à situação social e política daquele tempo.

A Fundadora permaneceu fora da Congregação que ela mesma fundou. Saiu sem magoas, silenciosa. Queira voltar para a Congregação de Roma, mas ouvindo os conselhos do visitador das congregações religiosas na Polônia bispo Wladyslaw Paweł Krynicki desistiu. Passou um tempo em Maciejowo e depois se apresentou no mosteiro de Staniątki onde permaneceu somente duas semanas. 
      
5.   O tempo longe da Congregação

A saída da Madre Edviges da Congregação que ela mesma fundou é uma situação dolorosa e complexa. Este fato não foi somente desentendimento entre o bispo diocesano e as irmãs. Devemos situá-lo no contexto europeu daquela época. De um lado tinha forte tendência para emancipação das mulheres de Vida Religiosa que manifestava o desejo de independência diante dos padres e bispos. Do outro lado as irmãs tinham o dever de obedecer aos bispos e sacerdotes como superiores e confessores. Bastante contestada foi a clausura, tão forte implantada após o Concílio de Trento. Nesta época se tornou indispensável a saída da clausura para levar ajuda aos outros e ganhar a manutenção.
   
Madre Josefa Edviges ficou fora da Congregação por dois meses. Enquanto na pequena comunidade em Kovel aos 25.07.1921, no primeiro Capítulo Geral das Irmãs Beneditinas Ativas, presidido pelo delegado do bispo Pe.Feliks Sznarbachowski, foi eleita nova superiora geral ir. Gerarda Apolonia Sokołowska. A eleição foi aprovada pelo bispo Inácio Dubowski em 30.07.1921.

Agora começou um novo período da Congregação, com casa geral em Kovel com duração de cinco anos. A comunidade estava crescendo aos poucos enfrentando as dificuldades. Pe. Antônio Jaglowski ajudava muito, teve várias iniciativas e elaborou as primeiras constituições. Recebia-se novas candidatas, celebrava-se os votos das irmãs. Neste tempo foram construídos dois orfanatos em Kovel e em Luck. O dinheiro para estas construções foi arrecadado pelas irmãs.

Logo depois do capítulo Madre Josefa Edviges convidou a nova Superiora Geral para Maciejowice. Lá se encontraram, mas detalhes não sabemos. Certamente o retorno para congregação ainda não foi possível. Madre Gerarda recebeu a bênção da Madre Fundadora e assim se despediram por seis anos. Para Madre Fundadora começou então o tempo de exílio. Foi um tempo de duras provações (o que sabemos das cartas escritas para M. Columba). Madre rompeu todos os contatos com a congregação que havia fundado. Depois de ter passado um tempo em Maciejowice e depois no mosteiro em Staniątki, dirigiu-se para a casa da sua irmã  Helena em Zakopane onde passou um ano. Durante este tempo recuperou um pouco sua saúde, mas a idéia de trazer a Congregação de Roma para a Polônia não a abandonou. Começou novamente juntar as candidatas. Madre se encontrava numa situação muito difícil. Não possuía nenhum documento oficial que comprovasse a sua ligação com a congregação de Roma. Numa das cartas dirigidas para Madre Columba pediu o comprovante. Esta não podia nada fazer, porque Madre Josefa Edviges oficialmente não pertencia a esta Congregação.  Madre Josefa Edviges possuía apenas o documento da profissão feita no Mosteiro em Vilno.

Na tentativa da nova fundação Madre Edviges, mudou de local várias vezes. Finalmente se firma em Lublin e lá quis fundar uma nova casa. Neste tempo morreu Madre Columba Gabriel (26.09.1926) e a nova superiora não falava polonês e também não estava interessada em fundar as casas na Polônia.12                   
6.   Retorno para a Congregação e os últimos anos
          
Depois da morte da Madre Columba a Madre Edviges  sentiu-se livre da missão de fundar casas desta congregação na Polônia.

No entanto a Congregação fundada em Biala Cerkiew estava desenvolvendo, a partir de 1921, denominadas Beneditinas Ativas. As irmãs precisando de dinheiro saíram à procura dos donativos fora e dentro do país, dirigiram-se para Estados Unidos. No início do ano de 1926, duas irmãs estavam fazendo a coleta na diocese de Lublin (não todas as dioceses aceitavam as irmãs) e lá encontraram a Fundadora que estava na casa paroquial. Voltando para Kovel contaram para Madre Gerarda que tinham encontrado a Fundadora.

Madre Gerarda com ir. Tekla foram ao encontro da Fundadora pediram desculpas e pediram que voltasse para a congregação. Depois de um tempo a Fundadora decidiu retornar para a Congregação em Kovel que aconteceu em setembro de 1927. Foi bem aceita pelas irmãs.

Voltando para a Congregação apesar da idade já avançada a Madre Fundadora entrou nas atividades da comunidade. Muito tempo dedicava à oração, ajudava um pouco no orfanato, algumas crianças preparava para Primeira Eucaristia. Depois quando foi terminado o orfanato em Luck a Fundadora foi transferida para là devido melhor conforto no início de 1928.

A saúde da Madre Fundadora estava piorando aos poucos. Em março de 1931 agravou-se. Estava proxima a Páscoa. Na Quarta Feira Maior sentiu-se mal, não conseguiu se levantar e nem se alimentar. Na Quinta Feira Maior recebeu a Eucaristia e teve uma paralisia do lado esquerdo, tinha fortes dores. No sábado não conseguiu falar, no dia da Páscoa às 13 horas acalmou-se e respirava com muita dificuldade. Todas as irmãs da casa estavam presentes na hora da sua morte. Em silêncio entregou-se a Deus, foi sepultada 07.04.1931 em Luck. A cerimônia foi presidida pelo Pe. Antônio Jaglowski e Pe.M. Zukowski.

Em 1945 as irmãs foram obrigadas pelos comunistas a abandonar suas casas nas terras que começaram a pertencer à Republica Ucraniana que fazia parte da União Soviética. O túmulo da Madre fundadora e das outras cinco irmãs ficou fora das fronteiras da Polônia. Em 1977 este cemitério foi transformado em um bosque e não se sabe o local exato do sepultamento.13  Os que moravam perto puderam transferir os restos dos seus parentes para outro cemitério. Infelizmente estas notícias não chegaram para Polônia. Ainda temos a esperança que um dia vão ser encontrados os documentos perdidos com a planta do cemitério e será possível localização do túmulo da Madre Edviges. 
_____________________


1  ABMO - Testemunho das irmãs Hildegarda Zenka e Klara Staszczak
2  s.Ambrozja Jadwiga Kalinowska OSB.  Prosto na Krzywych Liniach. Hosianum, Olsztyn, p.12-18
3  Biala Cerkiew - uma pequena cidade com um bonito passado, situada na beira do rio Rússia, nas proximidades de Kiev.  Antes da I Guerra Mundial tinha 22 mil habitantes, disso 3 mil poloneses. Havia lá uma paróquia católica de São João Batista.  
4   S.Ambrozja Jadwiga Kalinowska OSB. Prosto na Krzywych Liniach. Hosianum, Olsztyn, p.26
5   Existe uma uma foto do dia da fundação 24.06.1917.
6  Em 1921 Dom Inácio Dubowski aprovando as primeiras Constituições muda o nome para as Irmãs missionárias da Regra de São Bento. Em 1929 Pe. Antônio Jaglowski na elaboração das novas Constituições muda para Missionárias de São Bento. No Capítulo em 1968 as irmãs começaram se chamar - Congregação das Irmãs Beneditinas Missionárias.
7    Constituição da Congregação das Irmãs Beneditinas Missionárias cap.III,12
8    Decreto de 1899 de czar Alexandro III diz que esta devoção é perigosa para a nação e proíbe a divulgação da mesma.
9    Regra de São Bento 2,23-24
10 Biala Cerkiew encontrava se do lado da Rússia. Os bolchevistas jogaram as irmãs fora do orfanato. Uma parte das irmãs permaneceu em Biala Cerkiew aguardando o tempo melhorar, mas sem sucesso. Madre Fundadora com algumas Irmãs deixou Biala Cerkiew em junho 1920. Nunca mais as Irmãs retornaram para Biala Cerkiew.
11   M. Edviges escreve sobre este fato para M. Kolumba Gabriel, Zakopane 23.03. 1925.
12   S.Ambrozija Jadwiga Kalinowska OSB.  Prosto na Krzywych Liniach. Hosianum, Olsztyn, p. 36-40
13   S.Ambrozja Jadwiga Kalinowska OSB- Prosto na Krzywych Liniach. Hozianum. Olsztyn,  p.41-45